alea jacta est!

filosofia, literatura, tecnologia, cinema e impressões aleatórias sobre qualquer coisa.

27.3.06

downsizing

acabo de assistir a um curta genial, tão genial que acabei usando no título deste post.

uma família e cinco pessoas: pai, mãe, irmão mais velho, irmã, irmão menor. um belo dia, o pai reúne os filhos e lhes conta que não está conseguindo mais segurar a barra. a família precisa ser enxugada. um deles, terá que sair.

o pai, então, pede que cada um deles elabore uma apresentação listando os motivos por que devem ficar, enfocando as vantagens - para a família - de tal membro permanecer. alguns dias depois, dois tios e um colega de trabalho elegem o filho mais velho, que é expulso do lar.

ele dorme na frente da casa. a polícia aparece. o pai é chamado. diz que o pequeno Thomas precisa de uma lição. os policiais o levam para o xadrez.

***

este curta me lembrou o livro "O Corte", de Donald Whestlake, em que um pai desempregado há dois anos, FGTS chegando ao fim, já passando dos 50, dois filhos adolescentes e universitários nas costas, resolve montar uma firmas fictícia para conhecer seus concorrentes. E mata aqueles que oferecem maior obstáculo à reconquista do emprego.

são duas facetas da globalização. ou: a que ponto chegamos por causa do dinheiro.

para que servem notícias como estas:


1. apreensão de drogas, senão para a família do traficante e para mostrar que a polícia faz alguma coisa (mesmo que possa revender a droga para outros traficantes)?

2. discursos políticos que mais servem à campanha de cada candidato do que para esclarecer alguma coisa?

3. alagamentos, engarrafamentos passados, quando a reportagem não faz mais que retratar o acontecido em vez de ajudar a evitar que algo aconteça?

por ora, são as que me lembro, mas a lista é infindável, sempre que a cobertura foge do jornalismo em busca da audiência, essa vilã do jornalismo sério. outros exemplos? emails para este escriba.

telejornalimo contextual II


Questiono: a produção jornalística pode contribuir para conscientizar os milhares de telespectadores brasileiros sobre temas com repercussão internacional? e como? A televisão é um meio de comunicação onde a informação se dá de forma efêmera, então, até que ponto grandes matérias veículadas podem contribuir para reflexão sobre a realidade do país? Como fazer para que reportagens investigativas, que denunciam abusos e corrupção, entre outros crimes, possam se transformar em ferramentas eficazes para que autoridades e sociedade possam reverter o quadro.

Inaugurando a nova seção de comentários deste blog-fênix, a jornalista Saire, leitora assídua desta nova fase, pelo que deixam entrever seus apartes, questiona como o telejornalismo pode ter um papel menos efêmero e superficial em sua função de (bem) informar o espectador mediano, esse que não lê jornais nem livros, mas, que com ardor inversamente proporcional, assiste a novelas que requentam a mesma fórmula, as mesmas histórias há 40 anos - como desabafou, no último fim de semana, o ator Lima Duarte.

Cara Saire, na verdade, o que proponho - ainda que sem um conteúdo programático - são apenas cabeças (textos que introduzem ou encerram uma reportagem, para quem não sabe) mais explicativas, contextualizadoras, que não apenas falem do fato, mas de seus desdobramentos, de sua importância na vida nacional ou do próprio espectador.

Trata-se apenas de, em vez de empurrar orelha abaixo o catatau diário de notícias, numa velocidade que impede que, ao final de cada telejornal, o espectador consiga lembrar das mais relevantes, fornecer subsídios intelectuais, argumentos claros e objetivos para que o espactador possa realmente formar uma opinião sobre esse ou aquele fato.

Não é preciso, pois, "repensar elaboração, abordagem, técnica, comportamento ético e os mecanismos que o telejornalismo usa para produzir". Basta apenas explicar mais, e não apenas bombardear o espectador com tanta notícia que às vezes não serve para nada...

telejornalismo contextual


a invenção é minha. mas ou o jornalismo evolui ou tanta notícia não terá servido para nada, a não ser confundir.

o telejornalismo precisa repensar seu modelo e deixar o atual padrão meramente informativo por um jeito de explicar a realidade para quem mal a entende, isto é, o povo brasileiro, "ignaro", "burro", "analfabeto funcional", para não citar a última metáfora do telejornalismo global, o homer simpson de cada dia.

o telejornalismo precisa adotar um padrão que contextualize as notícias porque o atual privilegia uma avalanche de informações que mais deformam do que informam.

mais do que simplesmente informar, é preciso explicar o que determinada notícia significa (na prática) para um público oralizado, que não lê, que pouco critica, incapaz (ou pouco capaz) de tecer relações entre os fatos. é preciso explicar o contexto em que determinado fato ocorre.

ou vamos por este caminho ou o telejornalismo estará prestando o desserviço de transformar seu público em meros repetidores de informações, em fofoqueiros do cotidiano nacional. meros papagaios da mídia, facilmente manipuláveis pela elite de plantão.

aí, o cérebro dessas pessosas, que já é mal utilizado por falta de oportunidades no pensar, ficaria parecido ao do homer simpson aí em cima....