alea jacta est!

filosofia, literatura, tecnologia, cinema e impressões aleatórias sobre qualquer coisa.

23.9.02

por outro lado...

quando cheguei em casa, meio sem esperança de salvar o domingo, descubro um filme que não tinha visto do atom egoyan, "o fio da inocência" [felicia´s journey].

o filme é lindo. conta a história de um psicopata gentil, que resolve ajudar a inocente felicia, uma irlandesa à procura de seu amado, emigrado para a inglaterra. recheado de pausas, num ritmo bem lento, introspectivo, nos mostra que mesmo por trás de um psicopata existe muitas vezes alguém bom, humano, e, claro, um conflito do passado mal resolvido. embora muita gente tenha achado chato, é menos óbvio do que "sinais", o que já foi um alívio.

na verdade o que poucas pessoas percebem [principalmente os americanos médios, que preferem filmes de ação, movimentados e acham que só isso é cinema] é que cinema é filosofia a 24 quadros por segundo. o que significa que cada obra é uma espécie de tratado sobre qualquer assunto ou ponto de vista. vc pode concordar, discordar ou achar irrelevante. claro, existem, filósofos e filósofos.

mas de qualquer forma, quando um filme é bom, nos leva a pensar, a refletir sobre algum aspecto da existência que nunca dantes havíamos cogitado. quando é ruim, nos revela a obviedade de que ler um bom livro ou conversar com os amigos é mais enriquecedor.

é por isso que o mundo precisa de mais filosofia. e mais filosofares pragmáticos. no fundo, o segredo para se viver bem é simples: crie algum sentido para a sua vida, trabalhe, tenha fé e melhore sempre que puder. e ame com sinceridade. ou então ignore. odiar, jamais. é muito atrasado.

simplista? nem tanto. sem dar 1 sentido à sua vida, ela se torna vazio. sem trabalho - além do óbvio sentido da busca pelo dinheiro e da satisfação por criar algo útil - o cérebro não funciona, nos sentimos entorpecidos, levados pela vida. sem fé [acreditar numa força maior do que nós, meras formiguinhas do cosmos], tudo fica mais nebuloso, já que o cartesianismo não dá conta do mundo cada vez mais complexo. sem evolução, qual o sentido da vida? melhor meditar no tibet...

é por essas e outras que ainda acho os ateus cartesianos e metidos d+... ficam se achando muito inteligentes, auto-suficientes... mas na hora do último respiro, todos somos iguais...